Com uma narrativa única, Carlos Ruiz Zafón nos conduz por um suspense que, além de fantasioso, é extremamente apaixonante, triste, e real. Enquanto, por um lado, temos o arco “romântico” de Óscar e Marina, do outro temos um mistério digno dos irmãos Grinm, com influências de Frankenstein de Mary Shelley e o ar sarcástico de Kafka.
Com a esperança de fugir de sua realidade solitária, Óscar, nosso narrador, escapole do internato e perambula pelas ruas de Barcelona. Ao encontrar um antigo casarão com a aparência de abandonado, ele resolve explorar sua arquitetura. Lá, acaba se envolvendo com Gérman e Marina, e em uma aventura cercada de mistérios, romance e remorso. Com Marina, descobrimos que a empatia, o arrependimento, o medo, o ódio, a saudades, o amor e a tristeza podem se misturar e formar um sentimento novo. Um sentimento sem nome, mas que é possível vivê-lo junto aos personagens.
Em uma narrativa estilo Sherlock Holmes, com uma pitada de Frankenstein e Drácula, mas com uma leveza característica de Zafón, nós temos a vida real com um pouco de fantasia. Ou seria a fantasia com um pouco da vida real? Temos personagens bem-construídos e bem-entrelaçados. Temos a antiga Barcelona em contraste com a atual. Temos tantos detalhes que chega a ser difícil explicar como todos são importantes para a trama.
Zafón usa de todas as cordas para nos prender à história de amor amaldiçoada e ao circo dos horrores criado pelo novo Prometeu de Barcelona. Um livro com tanta sensibilidade, que nos faz sofrer até mesmo pelo ser que se perdeu entre a missão de salvar o mundo e a loucura de um deus. Marina nos prende, nos amarra a tantos gêneros distintos em um mesmo livro, característica única de Zafón.
CARLOS RUIZ ZAFÓN - 1964 - 2020

Carlos Ruiz Zafón é um dos autores contemporâneos mais reconhecidos da literatura internacional e o escritor espanhol mais lido em todo o mundo depois de Cervantes. Teve obras traduzidas para mais de cinquenta idiomas. Em 1993, tornou-se conhecido com o primeiro volume da Trilogia da Névoa, O Prícipe da Névoa. Em 1998, publicou Marina.
