O quanto somos frágeis e não percebemos? Em A Velocidade da Luz, Javier Cercas nos aprisiona a uma trama que se perde entre ficção e realidade em um eterno looping. Com grandes semelhanças com sua vida, o autor traz a luz uma discussão muito forte e profunda. O estresses-pós-traumático. Vindo de ambos os personagens principais, por razões diversas, em intensidades diversas e momentos diversos, vemos o quanto as pessoas, o psicológico e as relações são frágeis.
Tudo começa com nosso narrador e seu conflito de aspirante a escritor. Sem conseguir escrever, ele aceita a proposta de sair de Girona (Espanha) e fazer um intercâmbio em Urbana (Estados Unidos) como professor de espanhol.
Durante sua estadia, nosso narrador (nunca nomeado) conhece Rodney Falk, uma figura muito peculiar. Dividindo o mesmo escritório e algumas aulas, eles se tornam muito próximos. Com a ideia de aprender catalão, Falk sugere que depois das aulas os dois se reúnam em um bar local para as lições. Logo essas reuniões perdem a proposta inicial e se tornam discussões sobre literatura.

Depois da pausa do primeiro semestre, Falk não reaparece na universidade. Preocupado com o amigo o narrador vai até a casa de seu pai atrás de notícias. Lá descobre a história de Falk. Ex combatente do Vietnã, Rodney carrega muitos traumas, o que faz com que, às vezes, saia em busca de si mesmo. Com essas informações e cartas de Rodney a seu pai, nosso narrador termina seu intercâmbio e retorna à Espanha.
Anos se passam e nosso narrador publica alguns livros sem fazer sucesso. Então, um certo dia Rodney aparece na Espanha em busca de seu amigo. Ao se encontrarem, conversam sobre os anos que passaram, suas famílias, e o último livro do narrador publicado. As cartas são reveladas e as lacunas são preenchidas. Rodney volta aos Estados Unidos, mas antes pede a seu amigo que não conte a história que mais deseja ser contada. Assim, respeitando a vontade de seu amigo, o narrador não a escreve.
Tempos depois, após uma tragédia na vida do nosso narrador, este volta aos Estados Unidos para uma turnê de seu último livro, que de uma hora para outra se tornou um best-seller mundial. Com a intensão de rever seu amigo, o escritor pede que Urbana seja uma das paradas. Chegando lá descobre que seu amigo cometeu suicídio. Extremamente triste e sem chão, ele volta à Espanha e, finalmente, escreve a história de Falk, nos revelando finalmente, nas últimas páginas do livro, a história completa.
Narrado em uma constante quase felicidade, nas palavras do próprio narrador, o livro nos traz a tristeza, a tragédia e a apatia em cada palavra. Sem grandes picos de emoção. Mas muitas referências a músicas, livros e escritores que marcaram o século XX.

Javier Cercas – 1962 – hoje
Traduzido em mais de vinte países, estreou em 1987 com o livro de contos El Móvil, seguido por El Inquilino. Em 1997, publica o seu segundo romance El Vientre de la Ballena, seguido por Soldados de Salamina, em 2001, que se tornaria o seu maior sucesso. Em 2005, Javier Cercas lançou La Velocidad de la Luz. Cercas publicou outras obras como um ensaio sobre a obra literária de Gonzalo Suárez, um livro de artigos e um outro de crónicas. Alem de escritor, Cercas foi, e é, professor universitário e carrega consigo uma lista de prêmios literários.
