Tem os que sonham em ser médicos, aqueles que querem ser bombeiros ou policiais. Eu, desde cedo, sabia que iria trabalhar com papéis. Adorava brincar (para mim era trabalho de verdade) com a máquina de escrever da minha mãe, escrever e editar revistas e livros, e qualquer outra coisa que você consiga pensar envolvendo lápis e papel. Então, assim que surgiu a conversa de vestibular, a escolha de cursar jornalismo parecia óbvia.
Entrei na faculdade sonhando em ser a repórter dos livros e filmes, e meu objetivo era o jornal impresso. Só que, para me formar, tive que passar por todas as áreas: impresso, rádio, televisão e internet. Aprendi a escrever para as quatro, aprendi a me expressar, a falar em público, a preparar uma pauta, editar vídeos, mexer em fotos e a diagramar. Passei, também, por todas as praças: jornalismo político, cultural, esportivo, investigativo, e assim vai. E durante os quatro anos da faculdade, descobri onde eu mais me encaixava e com o que eu gostaria de trabalhar.
Foi aí que vieram as aulas de jornalismo cultural e jornalismo literário. Nas aulas de jornalismo literário, eu descobri a literatura dentro do jornalismo. Contar histórias, informar as pessoas e mostrar a realidade com a linguagem da literatura. Com o jornalismo cultural, eu percebi que poderia trabalhar com livros. Mesmo com o jornal impresso migrando para o digital, a vontade de trabalhar com papéis não diminuiu. Assim, nada melhor do que escrever sobre livros e, melhor, escrever sobre livros na linguagem literária. Juntar minhas duas grandes paixões. Foi neste momento que eu mergulhei de cabeça no mercado editorial.
Não imaginava que trabalharia por conta, nunca passou pela minha cabeça ser freelancer e nunca imaginei que direcionaria minha carreira para as mídias sociais. Eu queria ser parte da equipe de um grande jornal, queria ter meu cubículo e estar cercada por colegas. Queria ter um salário e a carteira assinada.
Só que as coisas mudam. O que eu via como sonho e objetivo veio da influência dos meus pais: a segurança e a garantia de um contrato de trabalho permanente. Mas o mercado de trabalho mudou (não apenas na área de comunicação), ter uma carteira assinada, trabalhar em uma empresa, ir para o escritório todos os dias não são sinônimos de uma carreira promissora. Não mais. É claro que você pode ser bem-sucedido tendo tudo isso, da mesma forma que pode alcançar os seus objetivos e o sucesso pessoal sendo autônomo. Por isso, hoje é quase obrigatório a disciplina de empreendedorismo.
Voltando ao curso de jornalismo. Foram quatro anos, oito períodos, muita teoria e muita prática. Sem a obrigatoriedade do diploma é comum ouvir: “qualquer um pode ser, para que faculdade?”...
Aqui estão alguns motivos para fazer a faculdade de jornalismo:
Rotina de um jornal diário: durante os quatro anos eu tive que produzir, escrever, fotografar, filmar, gravar, editar textos, vídeos e áudios. Aprendi que a ordem dos fatores altera sim o produto.
Técnicas para rádio e televisão: falar diante um microfone não é tão simples assim. Descobri exercícios de postura, voz, técnicas de entrevista; aprendi a manusear diversos tipos de câmera, cuidar da iluminação e do eco.
Desenvolvimento do senso crítico: “eu acho que” não existe em jornalismo. Ser jornalista é correr atrás das fontes e respostas para as perguntas. Como todas as ciências, a ciência da comunicação depende de fatos, e não achismos. Saber quando algo não parece confiável é dever do jornalista, assim como informar a verdade.
Opinião: o jornalista não é imparcial, por mais que tentamos nunca seremos. Mas, isso não significa que apenas um lado deva ser mostrado. Até mesmo em editoriais e crônicas (textos que a presença da opinião do veículo ou profissional é fundamental) é necessário a base teórica. “Por quê?” é a pergunta mais importante.
Além de tudo isso, foi na faculdade que conheci meus grandes amigos (hoje colegas de profissão), criei uma rede de contatos e ganhei experiência com estágios.
Sobre o mercado de trabalho
O bacharel em jornalismo pode atuar como repórter em jornais, revistas, sites, rádio e televisão; produtor de programas jornalísticos (apresentando as pautas); editor em veículos de comunicação e editoriais; produtor de conteúdo para redes sociais; redator para blogs e sites empresariais; assessor de imprensa para empresas e órgãos públicos, dentre outras funções.
Este texto faz parte do especial de formatura em parceria com o Mongecast. Para ouvir o primeiro episódio deste especial clique aqui ou acesse pelos agregadores para Android, iTunes e Spotify.

