Mês passado (abril/2020), a TAG – Experiências Literárias publicou uma foto com indicações de livros para a quarentena. Entre eles estava “Fim de Festa”, da Renata Wolff. Como eu já o havia lido, comentei a minha experiência. Tempos depois, a própria Renata respondeu o meu comentário agradecendo a carinho.
Isso me levou a reler o livro, e resolvi contar porque guardo “Fim de Festa” com tanto amor.
ISTO NÃO É UMA RESENHA
Seria muito injusto se fosse. Na verdade, não é um texto sobre o livro e seu conteúdo, mas sim, sobre como ele chegou em minhas mãos.
Tudo começou comigo em São Paulo para um curso de uma semana. Como os encontros eram apenas à noite, eu aproveitava o dia para passear pela cidade. E rata de livraria, como eu, não consegue passar por uma sem entrar. Pois então, entrei. Entrei em várias, uma para cada dia que passei na cidade. Mas, foi no último dia que eu o encontrei. (Não estou enfeitando a história, não. Tá? Este clichê realmente aconteceu).
Tenho o costume de comprar um livro a cada viagem feita. Assim, no último dia, na última livraria, resolvi procurar um. Resumo da ópera: estava olhando e o selo de finalista do Prêmio Jabuti me chamou a atenção. Nesta hora, eu simplesmente ignorei o “não compre um livro pela capa”. Peguei, li a contracapa e as orelhas. Pronto, tinha meu livro da viagem.
Voltei para casa, e finalmente o li.
A escrita leve, e apaixonante, é um golpe muito baixo. Com ela, Renata nos apresenta um livro que mostra vidas que se interligam umas às outras, é real, humano, dolorido e feliz. Ao mesmo tempo o livro nos dá um tapa na cara (a despedida, o término de um casamento, a morte, a saudade de uma época que nunca mais vai voltar), ele mostra as pequenas alegrias escondidas no cotidiano. Pode ser uma declaração de amor durante um flash mob. Um café da manhã acompanhado, ou uma volta na roda-gigante.
Tudo gira em torno da solidão, tristeza, medo, felicidade e alivio. Tudo gira em torno da vida. Aquela que vivemos ao abrir os olhos e levantarmos da cama, e não aquela que vivemos nos filmes e romances. Uma mescla de sentimentos que, todos nós, vivemos e sentimos ao longo do dia.
Renata Wolff nos presenteia com a vida do jeito que ela é. E, igual aos personagens, nos equilibramos na ponta dos pés ao vivê-la.

Renata Wolff
Já participou de várias coletâneas, como “103 que Contam” (2006) e “Outras Mulheres” (2010), ambas organizadas por Charles Kiefer. Carrega diversos prêmios literários, como Paulo Leminski, Helena Morley e Prêmio SESC Machado de Assis. Fim de Festa é sua estreia individual e foi adaptado para o teatro, além de ser finalista nos prêmios Jabuti e Livro do Ano da AGES.
