Estamos passando por momentos difíceis, repletos de protestos, violência e discursos que deveriam ter desaparecido há muito tempo. Por isso, trouxemos dois livros que ilustram o perigo dos discursos de ódio e da intolerância.
Primavera em um espelho partido – Mario Benedetti
Misturando ficção com relatos pessoais, Benedetti conta, em fragmentos, a história de uma família dividida pela ditadura uruguaia. Durante o livro conhecemos Santiago (um preso político), Graciela (a esposa), Beatriz (a filha do casal) e Don Rafael (pai de Santiago).
Escrito durante o exílio de Benedetti, a obra mostra a realidade dos exilados, com toda a solidão que os acompanha, o medo da violência e a censura. Enquanto Santiago teme a censura em suas cartas, Graciela se censura (tanto em suas cartas, como na vida).
Mais ensaio do que romance, o livro é um a crítica direta à repressão. Sem violência explicita (mas comentada) os personagens nos contam como chegaram aonde estão. Cheio de referências e detalhes históricos, as narrativas trabalham, de maneira sutil, aspectos psicológicos que o momento político provocou.
Eu sei por que o pássaro canta na gaiola – Maya Angelou
Maya Angelou traz nesta primeira autobiografia a parte de sua infância vivida no sul dos Estados Unidos entre os anos de 1931 e 1945. Repleta de violência racial, abuso emocionais e físicos, a escritora achou a liberdade através da escrita.
O livro se passa durante a segregação racial nos EUA no período entre guerras. Ao longo das páginas nos deparamos com assassinatos movidos pela cor da pele, estupro e outras tantas violências consequentes do racismo e sexismo.
