Em uma Nigéria contemporânea, encontramos Kambili e sua família. Seu pai, um homem religioso fervoroso, que rejeita suas origens e enaltece a cultura branca, neste caso a Inglesa; sua mãe, uma mulher totalmente dependente e submissa ao marido; seu irmão, Jaja, um ano mais velho e tão submisso quanto a mãe e a própria Kambili. Em uma trama repleta de machismo e violência explicita na qual Eugene, o patriarca da família, dono de grandes fábricas e um jornal muito popular, consegue ir do pai amoroso e homem generoso até o marido abusivo, extremamente exigente e punidor dos pecados da família.
Enquanto os outros pensam que Kambili tem a vida e a família perfeita, nossa narradora se mostra uma menina presa em uma rotina rígida com todos os horários cronometrados, obrigação de ser a primeira da turma e sem nenhuma espontaneidade. Em todo o livro vemos o conflito interno de Kambili e Jaja por quererem tais coisas, mas sempre pensar no que o pai acharia, do que fazer para que o pai se orgulhe deles. Tudo isso leva a dois adolescentes sem amigos e considerados estranhos por seus colegas e primos.

Durante as festas de final de ano, a família recebe a visita de tia Ifoema e seus filhos, nos proporcionando um contraste muito grande de culturas e valores. Eugene se esforça ao máximo para mostrar suas conquistas de uma maneira “humilde”, enquanto sua irmã se mostra uma mulher trabalhadora e nada submissa às vontades do irmão. Seus filhos, questionadores como a mãe, começam a ver que seus primos podem ter tudo com eles sonham, mas suas vidas são medíocres.
Após um convite de Ifoema, Kambili e Jaja vão passar alguns dias com ela. Eugene, monta um cronograma de estudos e atividades que logo é ignorado por sua irmã. Assim, em meio a uma família não retrógada e com pensamentos liberais, Jaja e Kambili começam a ver que podem pensar por conta própria, descobrem suas vontades e gostos e percebem a intolerância do pai pela cultura nigeriana e por aqueles que não seguem os princípios católicos tradicionais.

Durante sua visita, seu avô, o pai de Eugene e Ifoema, incapacitado pela velhice, vai morar com eles. Nisso vemos a insegurança dos irmãos em contrariar o pai (que não permite o contato íntimo com aqueles que chama de pagãos). Mas, mesmo assim acatam a ideia e decidem manter em segredo. Consequentemente, descontruímos, junto com nossa narradora, a imagem criada pelo pai: um homem ignorante e “pagão”, e conhecemos um homem muito culto sobre a cultura nigeriana, feliz, contador de histórias e espiritual.
Enquanto vemos nossos protagonistas crescerem e amadurecerem, recebemos notícias sobre a situação política da Nigéria. Standart, o jornal do pai de Kambili, sofre atentados, o editor chefe é preso algumas vezes e morto. A universidade na qual Ifoema trabalha vive em greve, os professores não são pagos e os estudantes vivem em protestos. A falta de gás e combustível afeta todos que não são ricos.
O nome do livro remete a uma árvore na casa de Ifeoma, uma espécie experimental de hibisco, produzida por uma colega na faculdade. Essa planta simboliza o nascimento para a liberdade, de independência. Uma analogia que se perde entra a vida das personagens e o atual governo do país.
Chimamanda Ngozi Adichie 1977 - hoje

Nascida na Nigéria, mudou-se para os EUA aos 19 anos para estudar comunicação e escrita criativa. Coleciona inúmeras publicações e prêmios. Conhecida, principalmente, pelo discurso de 2009, realizada no TED Global, em Oxford (Inglaterra) sobre o perigo de se ter uma história única — mais tarde adaptado para livro.
